sexta-feira, 26 de abril de 2013

CB Entrevista - Jota Júnior

Um cara que tem história pra contar. Este é o 4° entrevistado do blog, que com muita atenção nos atendeu e cedeu parte de seu tempo para responder as questões. JOSÉ FRANCISCHANGELIS JÚNIOR nasceu na cidade de Americana em 1948 e é um dos ícones do jornalismo esportivo. Educado, competente e mestre na narração do futebol, Jota Júnior, como é conhecido, tem mais de 40 anos de profissão e hoje trabalha nos canais SporTV.


CB: Você sempre quis ser narrador esportivo?
JJ: Desde pequeno me interessei por rádio e pelas narrações de futebol. E como sempre gostei de jogar futebol, acho que houve um casamento de gostos e interesses. Quis também em determinado momento ser jogador profissional de futebol, depois queria ser professor, mas na realidade era o rádio esportivo a minha meta principal.

CB: Qual o motivo do apelido "Jota Júnior"?
JJ: Quando comecei em rádio na minha cidade, Americana, interior paulista, um amigo(Clóvis Magalhães) sugeriu que eu usasse JOTA JÚNIOR, pois meu nome, segundo ele, não era radiofônico: José Francischangelis Júnior. Ele pegou o JOTA de José e o JÚNIOR, meu mesmo.  Aceitei na hora.

CB: Você se espelha em algum narrador?
JJ: Quando comecei em rádio eu ouvia muitos narradores: Darcy Reis, Pedro Luís, Fiori Gigliotte, Fernando Solera, Haroldo Fernandes, Jorge Cury e tantos outros. Creio que peguei um pouco de todos. Mas na verdade buscava o "meu estilo" e que só veio com o tempo, quando fiquei mais à vontade aos microfones e com segurança para impor meu modelo de transmissão.

CB: Há algum jogo que você considera especial e inesquecível onde tenha narrado?
JJ: Como estou há muito tempo na estrada, é difícil apontar apenas uma transmissão, um jogo, um estádio. Foram muitas as situações emocionantes ao longo da carreira. Mas eu destacaria a cerimônia de abertura dos Jogos Olimpicos de Los Angeles, 1984, minha primeira Olimpíada e que transmiti pela TV Bandeirantes ao lado de Luciano do Valle e Osmar de Oliveira no Coliseu de LA.

                                                   Los Angeles Memorial Coliseum

CB: O que um narrador precisa ter em mãos na hora de uma transmissão?
JJ: Todo o material relativo ao evento. Pesquisas, informações, o esquema da jornada, mas principalmente uma programação mental ( um roteiro ) para desenvolver o trabalho. É importante estar familiarizado com a equipe e muito bem informado sobre o evento que irá transmitir. É necessário pensar muito em quem está assistindo, abastecendo-o de informações e sempre priorizando A IMAGEM, que é o mais importante em televisão.  O narrador é simplesmente um GUIA das imagens, um ilustrador do que o diretor está mostrando.

CB: Quais os principais eventos esportivos que você cobriu?
JJ: Já fiz tanta coisa. Copas do Mundo, Libertadores, Jogos Olimpicos, Jogos Pan-Americanos, Sul-Americanos, Copa América, Eliminatórias, Final de campeonato português, amistosos da Seleção fora do País, Liga Mundial de vôlei, e por aí vai. Mais de 40 anos de profissão oferecem uma vasta lista de eventos em várias modalidades.

CB: Falando de futebol... qual o melhor time do Brasil hoje?
JJ: Sendo o atual campeão mundial, aponto o Corinthians como o mais equilibrado e o grande vencedor.

CB: Acredita que o Brasil não é mais o 'país do futebol'?
JJ: O Brasil continua sendo um dos maiores no futebol. Ninguém ganhou mais Copas do que a gente. Ninguém exporta jogadores mais que o nosso País.  "Fabricamos" atletas e craques aos montes.  Continuamos sendo o alvo principal dos clubes estrangeiros e dos grandes empresários do planeta.  E temos o atual campeão mundial de clubes.

CB: O que acontece com a seleção brasileira?
JJ: Nossa seleção quando começou a priorizar convocações de jogadores que atuam fora do País, esfriou a grande torcida brasileira. Distanciou a seleção do torcedor. E desprezou os jogadores que aqui atuam, tão bons quanto os de fora. À par disso, nossos treinadores pararam no tempo e não se atualizaram com o futebol praticado lá fora.  Mas mesmo assim vejo o Brasil como um forte candidato a titulos internacionais.

CB: Neymar deve ir para a Europa antes da Copa?
JJ: Não irá antes da Copa.  E acho que devemos preservá-lo por aqui.  Craques do nível dele precisam estar jogando em nosso território. São atrações imperdíveis. Mas é claro que chegará uma hora em que ele irá para a Europa.  Enquanto pudermos mantê-lo aqui acho muito bom.

CB: Sobre a Copa de 2014 novamente... o que esperar do Brasil como sede e como equipe?
JJ: Para a Copa de 2014 o País deverá ficar devendo na estrutura de locomoção e acomodação. Está tudo atrasado e não dará tempo de deixar tudo pronto. Os estádios, tudo bem, sem problema. Mas o restante preocupa.  Quanto ao time brasileiro, será um forte concorrente, como sempre foi.  Ainda mais atuando em casa.

CB: Para finalizar, ser narrador é...
JJ: Ser narrador é praticar a profissão como qualquer outra. É dedicar-se integralmente ao desempenho em cada transmissão. É tratar o trabalho com seriedade, respeito ao telespectador, respeito aos profissionais da bola, ser apenas um guia, um ilustrador das imagens. É um trabalho dificil pois mexe com a paixão dos torcedores, porém extremamente  gratificante.

CB: Valeu Jota, parabéns pelo seu trabalho!
JJ: Espero ter contribuido, amigo. Abraço e sucesso pra você.

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