CB: Você sempre quis ser narrador esportivo?
JJ: Desde pequeno me interessei por rádio e pelas narrações de futebol. E como sempre gostei de jogar futebol, acho que houve um casamento de gostos e interesses. Quis também em determinado momento ser jogador profissional de futebol, depois queria ser professor, mas na realidade era o rádio esportivo a minha meta principal.
CB: Qual o motivo do apelido "Jota Júnior"?
JJ: Quando comecei em rádio na minha cidade, Americana, interior paulista, um amigo(Clóvis Magalhães) sugeriu que eu usasse JOTA JÚNIOR, pois meu nome, segundo ele, não era radiofônico: José Francischangelis Júnior. Ele pegou o JOTA de José e o JÚNIOR, meu mesmo. Aceitei na hora.
CB: Você se espelha em algum narrador?
JJ: Quando comecei em rádio eu ouvia muitos narradores: Darcy Reis, Pedro Luís, Fiori Gigliotte, Fernando Solera, Haroldo Fernandes, Jorge Cury e tantos outros. Creio que peguei um pouco de todos. Mas na verdade buscava o "meu estilo" e que só veio com o tempo, quando fiquei mais à vontade aos microfones e com segurança para impor meu modelo de transmissão.
CB: Há algum jogo que você considera especial e inesquecível onde tenha narrado?
JJ: Como estou há muito tempo na estrada, é difícil apontar apenas uma transmissão, um jogo, um estádio. Foram muitas as situações emocionantes ao longo da carreira. Mas eu destacaria a cerimônia de abertura dos Jogos Olimpicos de Los Angeles, 1984, minha primeira Olimpíada e que transmiti pela TV Bandeirantes ao lado de Luciano do Valle e Osmar de Oliveira no Coliseu de LA.
Los Angeles Memorial Coliseum
CB: O que um narrador precisa ter em mãos na hora de uma transmissão?
JJ: Todo o material relativo ao evento. Pesquisas, informações, o esquema da jornada, mas principalmente uma programação mental ( um roteiro ) para desenvolver o trabalho. É importante estar familiarizado com a equipe e muito bem informado sobre o evento que irá transmitir. É necessário pensar muito em quem está assistindo, abastecendo-o de informações e sempre priorizando A IMAGEM, que é o mais importante em televisão. O narrador é simplesmente um GUIA das imagens, um ilustrador do que o diretor está mostrando.
CB: Quais os principais eventos esportivos que você cobriu?
JJ: Já fiz tanta coisa. Copas do Mundo, Libertadores, Jogos Olimpicos, Jogos Pan-Americanos, Sul-Americanos, Copa América, Eliminatórias, Final de campeonato português, amistosos da Seleção fora do País, Liga Mundial de vôlei, e por aí vai. Mais de 40 anos de profissão oferecem uma vasta lista de eventos em várias modalidades.
CB: Falando de futebol... qual o melhor time do Brasil hoje?
JJ: Sendo o atual campeão mundial, aponto o Corinthians como o mais equilibrado e o grande vencedor.
CB: Acredita que o Brasil não é mais o 'país do futebol'?
JJ: O Brasil continua sendo um dos maiores no futebol. Ninguém ganhou mais Copas do que a gente. Ninguém exporta jogadores mais que o nosso País. "Fabricamos" atletas e craques aos montes. Continuamos sendo o alvo principal dos clubes estrangeiros e dos grandes empresários do planeta. E temos o atual campeão mundial de clubes.
CB: O que acontece com a seleção brasileira?
JJ: Nossa seleção quando começou a priorizar convocações de jogadores que atuam fora do País, esfriou a grande torcida brasileira. Distanciou a seleção do torcedor. E desprezou os jogadores que aqui atuam, tão bons quanto os de fora. À par disso, nossos treinadores pararam no tempo e não se atualizaram com o futebol praticado lá fora. Mas mesmo assim vejo o Brasil como um forte candidato a titulos internacionais.
CB: Neymar deve ir para a Europa antes da Copa?
JJ: Não irá antes da Copa. E acho que devemos preservá-lo por aqui. Craques do nível dele precisam estar jogando em nosso território. São atrações imperdíveis. Mas é claro que chegará uma hora em que ele irá para a Europa. Enquanto pudermos mantê-lo aqui acho muito bom.
CB: Sobre a Copa de 2014 novamente... o que esperar do Brasil como sede e como equipe?
JJ: Para a Copa de 2014 o País deverá ficar devendo na estrutura de locomoção e acomodação. Está tudo atrasado e não dará tempo de deixar tudo pronto. Os estádios, tudo bem, sem problema. Mas o restante preocupa. Quanto ao time brasileiro, será um forte concorrente, como sempre foi. Ainda mais atuando em casa.
CB: Para finalizar, ser narrador é...
JJ: Ser narrador é praticar a profissão como qualquer outra. É dedicar-se integralmente ao desempenho em cada transmissão. É tratar o trabalho com seriedade, respeito ao telespectador, respeito aos profissionais da bola, ser apenas um guia, um ilustrador das imagens. É um trabalho dificil pois mexe com a paixão dos torcedores, porém extremamente gratificante.
CB: Valeu Jota, parabéns pelo seu trabalho!
JJ: Espero ter contribuido, amigo. Abraço e sucesso pra você.
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