quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Deficiências de um elenco vencedor


Apático dentro de campo, o time do Corinthians chegou hoje em São Paulo com uma derrota histórica na bagagem. O 1 a 0 diante do Luverdense mostrou fragilidades técnicas e táticas do atual campeão do mundo que não vem de hoje. Na partida de ontem, o zagueiro Gil, o volante Ralf e o centroavante Paolo Guerrero são os únicos alvinegros isentos das críticas da torcida, que parece, com razão, ter perdido a paciência.

O sistema defensivo vem salvando o Corinthians de piores resultados, mas demonstra ocasionalmente algumas falhas individuais: Cássio não sai bem do gol, Edenílson erra em demasia na marcação, Paulo André não tem o tempo de bola correto e Fábio Santos com frequência toma bola nas costas. Gil é a exceção do setor, que mesmo assim, é um dos melhores do Brasil.

Não há muito o que falar dos volantes. Ralf é incontestável. Entretanto, a lacuna deixada por Paulinho ainda não foi bem preenchida. Guilherme sobe raramente ao ataque, Ibson é pouco contundente e Jocinei, recém-contratado, não tem oportunidade de jogar.

A linha 3, fundamental no esquema de Tite, é a que dá mais dor de cabeça ao torcedor. Romarinho, Sheik, Pato e Danilo estão muito abaixo do que se espera. Romarinho é fraco nos fundamentos básicos do futebol e vive de um gol épico feito há mais de 1 ano. Sheik, polêmicas a parte, tem muita vontade e pouco futebol. Pato, que veio por R$ 40 milhões, está visivelmente acomodado, e Danilo apresenta extrema irregularidade na temporada. Renato Augusto é o único que desempenha bom futebol regularmente.

Na posição de centroavante, não há nada a ser contestado. Paolo Guerrero faz o possível. Corre, volta para marcar, vem até a intermediária fazer o pivô e muitas vezes serve com bons passes os companheiros. Pato, quando atua improvisado na função, também sofre.

Tite tem parcela de culpa. O treinador aparenta ter perdido o controle do grupo e seu 4-2-3-1 está  manjado para os adversários. É um dos melhores técnicos do país, mas precisa mudar - emocionalmente ou taticamente - seu elenco para obter melhores desempenhos, já que os resultados não são tão ruins como o futebol apresentado pelo timão.

O coletivo, tão elogiado até hoje, é o que vem emperrando o Corinthians, que não tem um craque chamando a responsabilidade. A ideia de que "quando a tática não funciona, a individualidade deve aparecer" vem à tona no timão, que vem se mostrando incapaz de sair um pouco do padrão tático atual.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

CB Entrevista - Jorge Vinicius

A entrevista de número 9 do blog traz simplesmente o mais jovem narrador do mundo da Copa de 1994. JORGE VINICIUS nasceu na cidade de Penápolis, interior paulista, em 1972. Aos 16 anos, Jorge já era repórter da penapolitana Rádio Difusora. Estudou jornalismo na PUCCAMP e hoje faz parte da equipe dos canais SPORTV. Jorge Vinicius gentilmente respondeu as questões que você confere agora.

CB - Você sempre quis ser narrador esportivo?
JV - Sempre tive o sonho de viver mergulhado no mundo do futebol. Como não consegui ser jogador profissional, parti para a comunicação. E acertei. Tenho orgulho de ser narrador. Trabalho me divertindo com responsabilidade.


CB - Como começou sua carreira?
JV - Comecei no interior. Na minha cidade natal: Penápolis. Foi em 1989 na Radio Difusora como repórter. Apresentei um programa também direcionado aos estudantes. Tinha 16 anos de idade. No ano seguinte já estava cursando Jornalismo na Puccamp em Campinas, cidade que me acolheu super bem. Iniciei como repórter na Rádio Brasil, era setorista da Ponte Preta. No ano seguinte já estava narrando nas rádios Planalto de Paulínia e Cultura/CBN Campinas.


CB - Com 21 anos você narrou a Copa de 1994 com o status de narrador mais jovem daquele torneio. Pode nos descrever um pouco daquele período?
JV - As coisas aconteceram muito rápidas pra mim. Graças ao saudoso Pedro Luiz Paoliello, na época diretor de esportes da Rádio Gazeta de São Paulo. Pedro Luiz me contratou em 1993 como narrador. No mesmo ano já me escalou para as Eliminatórias da Copa e para a Libertadores. Foram minhas primeiras viagens internacionais na vida. O rádio me proporcionou conhecer o Brasil e muitos países. Em 1994 na Copa dos EUA eu fiquei 48 dias viajando. Conheci o Canadá em um amistoso narrado da Seleção e de lá embarquei para os Estados Unidos. Na minha primeira participação com o microfone da Gazeta na Copa é que caiu a ficha. Pedro Luiz saudando dos estúdios a nossa equipe e apresentando um por um. Na minha vez, me emocionei. O moço de Penápolis (como dizia meu outro grande ídolo e amigo Fiori Gigliotti) estava na primeira Copa do Mundo. Mais tarde fui informado que era o mais novo narrador do mundo naquela Copa. Depois fiz mais outras duas Copas, pela Rádio Record, mas nenhuma teve aquele sentimento. Afinal, aquela era a primeira. Fui as Copas de 1998 e 2006. França e Alemanha.

                                        Milton Neves e Jorge Vinicius, na Copa de 1994

CB - Você se inspira em algum narrador?
JV - Me inspiro até hoje em vários narradores. O Brasil é o maior no quesito de excelentes narradores. Me espelhei em Osmar Santos, Fiori Gigliotti, Luis Roberto, Cledi Oliveira, Oscar Ulisses e Éder Luiz. Isso no rádio. Faz pouco mais de três anos que narro na TV. Na telinha os professores e referenciais são: Jota Junior, Milton Leite, Luciano do Valle, Galvão Bueno, Luis Roberto, Cleber Machado, Paulo Andrade e Deva Pascovichi.


CB -
Qual foi o melhor jogo que você já narrou?

JV - O melhor sem duvida foi entre Santos e Flamengo pelo Brasileirão de 2011. Foi 5x4 para o Flamengo. Partida sensacional de Neymar e Ronaldinho Gaúcho. E um gol de Neymar que ficou marcado como o gol mais bonito que já narrei.


CB - Por que o interior paulista perdeu um pouco de sua força no futebol?
JV - Por culpa dos dirigentes que comandam o futebol. Presidentes de Federação... a FPF abandonou o interior faz anos.


CB - Qual foi o melhor jogador que você viu em campo?
JV - Que eu vi jogar foi Maradona. O que eu mais admirei foi Sócrates.


CB - Brasileirão: quem é o principal favorito ao título?
JV - Não existe um time favorito. O Brasileirão esse ano está muito equilibrado. Tem 10 times com grandes chances. Pra mim, pode ser um ano de um time mineiro ou gaúcho.


CB -
Finalizando: ser narrador é...

JV - Viver na essência a melhor profissão do mundo. É ter estórias e formar amigos
.

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Para conhecer um pouco mais da vida do narrador, acesse www.twitter.com/JorgeViniciusSP

A dupla Vitinho-Seedorf


Um nem era nascido quando o outro começou a jogar futebol profissionalmente. Provavelmente um não se lembre da Copa de 1998, onde o outro, carregando a camisa 10, levou a Holanda ao 4° lugar do torneio. Com certeza um já jogou videogame com o outro em seu time e não esperava tê-lo, hoje, ao seu lado. Quis o destino que Vitinho, o um, e Seedorf, o outro, se encontrassem. Agora, os dois são os protagonistas do atual campeão carioca e líder do Brasileirão.

Vitinho e Seedorf se completam. O primeiro, de 19 anos, faz jus ao escudo que veste: bota fogo no jogo usando sua velocidade e parte pra cima dos adversários sem medo do erro. Até extrapola os limites algumas vezes e acaba não soltando a bola para seus companheiros. E daí? O tempo, que Seedorf tem, vai ensinar. O segundo, de 37, veio da Europa e comanda o Botafogo com sua maestria nos passes e nas finalizações. Não tem mais a velocidade ou o drible rápido de um garoto. E daí? Vitinho faz essa parte.

Vitinho mostra a Seedorf um pouco - do que ainda resta - do legítimo futebol brasileiro. Já Seedorf trata Vitinho como um irmão mais novo e mostra ao atacante um pouco de sua experiência aliada à categoria de um veterano. Juntos, possuem 9 gols - quase metade do total botafoguense - e 8 assistências. Rafael Marques e Lodeiro, que completam o sistema ofensivo do fogão, merecem ser lembrados.

Oswaldo de Oliveira tem mérito no sucesso da parceria. Com mais idade que os dois juntos, o treinador sabe como e o que fazer para que um não acabe atrapalhando o outro. Além disto, consegue deixar o Botafogo, mesmo recebendo pouco, jogando muito. Com 26 pontos, o clube do Rio é um dos favoritos ao título, e só não tem sete pontos de vantagem do Cruzeiro porque tomou, em três jogos, três gols nos acréscimos. O clube de Minas tem 25 pontos e é o 2° colocado.

Com praticamente a mesma altura e oriundos de países diferentes, Vitinho e Seedorf podem reeditar uma história que o botafoguense conhece muito bem. Em 1995, o Botafogo foi campeão brasileiro com a dupla Túlio-Donizete marcando 29 gols e dando show nos gramados. Vitinho tem sorte ao ver Seedorf de um lado. E Seedorf tem sorte ao ver Vitinho do outro.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A crise do futebol brasileiro


É fato que o Brasil, apesar da vitória contra a poderosa Espanha pela Copa das Confederações, não é há muito tempo o país do futebol. As deficiências táticas e principalmente técnicas do nosso futebol estão escancaradas neste fraco Brasileirão.

De uns anos para cá, o futebol brasileiro perdeu muita qualidade. Agora, são os sistemas defensivos, chutões e lançamentos para a área que ditam o ritmo das partidas. Fundamentos básicos como o passe e a finalização hoje são vistos como elementos secundários - ou terciários - nos gramados. Basta ver com atenção alguns jogos do Campeonato Brasileiro para notar. São inúmeros cruzamentos mal feitos, chutões sem direção e muita, mas muita marcação.

Talvez por este motivo os considerados "velhinhos" estão dando show. Alex, do Coritiba, é até agora o melhor jogador do Brasileiro. O injustiçado armador tem 6 gols e 3 assistências em 10 jogos feitos no torneio. Seedorf já mostrou a que veio no ano passado, mas continua sendo o craque do Botafogo: são 3 gols e 4 assistências em 9 jogos do meia holandês. Zé Roberto é o terceiro exemplo: o Bola de Prata do ano passado tem 39 anos e continua liderando o forte Grêmio. Para completar a lista, temos Juninho Pernambucano. O ídolo vascaíno voltou, e tem nos 2 jogos que fez o mesmo número de gols e assistências.

As características em comum destes jogadores são muitas, mas duas delas são interessantes: os fundamentos básicos e a experiência na Europa. Os quatro passam a bola com maestria, se movimentam com inteligência, possuem bom senso de posicionamento e finalizam muito bem em qualquer distância, algo completamente escasso no futebol brasileiro atual. A passagem pelo velho continente talvez seja a causa: é lá que o jogador - brasileiro ou não - aprende de verdade alguns requisitos do futebol.

Enquanto lá fora ensina-se a essência do futebol, no Brasil se prioriza o físico, a bola alta e a marcação excessiva. Talvez também por este motivo nosso país é grande exportador de defensores - exceção feita ao garoto Neymar - há alguns anos. Tudo isso sem falar na péssima média de público presente nos estádios. É preciso mudar, antes que seja tarde demais.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Liberta, galo!


Chegou o dia. O 24 de julho de 2013 ficará marcado na história do Clube Atlético Mineiro. A tarefa não é fácil: fazer - de novo - dois gols de vantagem em cima do tradicionalíssimo Olimpia, para que o sonho da inédita conquista da Libertadores continue vivo. Elenco, torcida e futebol, três dos quatro principais ingredientes necessários para a vitória o galo tem. E a sorte, que todo campeão também possui, já foi mostrada em outras oportunidades.

É hora do craque aparecer. Ronaldinho Gaúcho não vem mostrando bom rendimento desde a semifinal do torneio, e chegou até a ser substituído no 1° duelo da final. Indispensável, o camisa 10 precisa chamar a responsabilidade e liderar a equipe mineira. Individualmente, Ronaldinho tem a chance de ganhar seu primeiro título grande dentro do Brasil.

Jô é a esperança dos vitais gols mineiros. Após momento conturbado na Inglaterra e no Internacional, o atacante de 1,89m certamente será abastecido por Tardelli, Ronaldinho e Bernard para meter a bola na rede. Inspiração não é problema para o camisa 9 de 26 anos: Reinaldo e Dadá Maravilha, dois ídolos e artilheiros do Atlético Mineiro.

Quem é o lateral-direito? Sem Marcos Rocha, a dúvida persiste. Michel é o mais cotado, mas o atacante polivalente Luan não seria um mau negócio na posição. Com a necessidade da pressão nos paraguaios, não é absurdo uma dobradinha Luan-Tardelli ou Luan-Bernard pela direita em cima do ala Benítez. Mas, se Cuca tivesse a oportunidade de escalar o eterno Djalma Santos em sua vitoriosa carreira, não teria tal dúvida. Obrigado, Djalma!

Nova-velha casa: o Mineirão, por decisão da incompetente Conmebol, será o palco da finalíssima. Com o triplo do apoio dos torcedores e melhores condições de furar a retranca do Olimpia, o Atlético sairá do Independência para, se tudo der certo, tornar-se mundialmente independente.

A taça está em Belo Horizonte. Minas Gerais. No Brasil. E tem tudo para aqui permanecer. Chegou a hora do Atlético Mineiro mostrar porque tem esta enorme tradição mesmo com a ausência de títulos importantes. É preciso acreditar, torcedor. Afinal, os bordões "Yes, we C.A.M" e "Não é milagre, é Atlético Mineiro" estão mais vivos do que nunca. E o hino do clube, que diz "galo forte vingador" também.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O iluminado galo com crista de campeão

 
Em mais uma noite emocionante no Independência, o Atlético Mineiro devolveu os 2 a 0 no Newell's Old Boys e, através da disputa de pênaltis, fez história. O galo, diferentemente do desejo da Conmebol, é finalista da Libertadores. Bernard aos 3 minutos abriu o placar, que foi definido por Guilherme nos instantes finais da partida. Nos pênaltis, brilhou - de novo - a estrela do goleiro Victor, que defendeu a cobrança do badalado Maxi Rodríguez e colocou a equipe de Cuca na inédita decisão.

Palmas para Bernard. O meia de 20 anos, rotulado por Felipão como o jogador que tem "alegria nas pernas", foi um dos melhores em campo. Fez o prematuro gol mineiro e buscou jogo por todo o tempo que esteve no gramado. Como prêmio, o fraco árbitro do evento Roberto Silvera o presenteou com um cartão amarelo após reclamação, deixando o camisa 11 fora do primeiro embate diante do outro finalista Olímpia.

A maioria do elenco do Atlético também merece elogios. E o goleiro Victor é destaque nesta lista. Ele confirma o ditado de que um bom time começa por um bom goleiro. Foi muito bem no pênalti de Maxi e, como fez diante do Tijuana, encerrou qualquer chance de eliminação mineira defendendo um pênalti. A dupla de volantes Pierre e Josué se mostrou sólida e trouxe segurança aos zagueiros, que hoje não fizeram uma partida excepcional. Bernard já foi citado, e Tardelli se movimentou bem, criando lances de perigo. Para finalizar, Guilherme. O contestado garoto, oriundo do Cruzeiro, estava no lugar certo e na hora certa. Botou nas redes uma bola que veio parar em seus pés após falha argentina e garantiu o galo novamente na disputa.

Ronaldinho Gaúcho destoou de seus companheiros. O craque foi o pior do galo em campo, errando muitos passes, desperdiçando bolas paradas e ficando preso na marcação do volante argentino Mateo. Apesar disto, R10 foi pontual dando assistência para o primeiro gol da partida e concretizando seu pênalti. É preciso melhorar.

A queda de luz na etapa final foi determinante. O 2° tempo do Atlético foi fraco, e as chances claras de gol não apareciam. Apelidada por Cuca como "parada divina", parte dos refletores se apagou, e o treinador aproveitou o tempo livre para ajustar o time. Não é nenhum escândalo dizer que a queda de luz foi proposital, muito menos errada. Os brasileiros sofrem muito mais quando estão fora de casa. Um exemplo disto é a falta de segurança em cobranças de escanteio.

Cuca finalmente parece estar com sorte. Está demorando para vir um título grande ao seu currículo, que frequentemente tem ótimas equipes com poucos campeonatos. Alexi Stival tem passagens sem conquistas expressivas por São Paulo, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Cruzeiro. Chegou a hora de ter o seu trabalho reconhecido vencendo a Libertadores da América. Tem elenco, competência, e agora a sorte ao seu lado.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O problema vem de cima

 
O presidente do São Paulo desde 2006 Juvenal Juvêncio demitiu Ney Franco. E o tricolor, sem o treinador no banco de reservas, perdeu para a jovem e fraca equipe do Santos no Morumbi por 2 a 0. Placar que clarifica: a culpa não é só de quem comanda o elenco.

Ney Franco pode ter cometido alguns erros durante seus 12 meses no tricolor, como insistir em Douglas, não manter um padrão de jogo e mexer na dupla de zaga. Mas, sem um elenco de qualidade, produzido pela diretoria paulista, ficou difícil. Juvenal além de trazer Lúcio e Juan, dispensou Cortez, Wallyson e Cañete, que poderiam ter utilidade ao longo do ano.

O problema é antigo. Desde 2009, o São Paulo sofre com a falta de organização e administração. Brigas internas e contratações sem nexo ditam o ritmo do tricampeão da Libertadores. Após a demissão de Muricy Ramalho, seis técnicos ocuparam o cargo no tricolor, além do quebra-galho Milton Cruz. Número altíssimo para um clube grande.

E não são apenas treinadores: vários jogadores de baixo nível técnico foram contratados com o aval do diretor de futebol Adalberto Baptista. Piris, Edson Silva, Carlinhos Paraíba, Xandão, Eduardo Costa e Paulo Assunção são apenas alguns dos muitos fracassos que passaram pelo time do Morumbi.

A bola da vez parece ser Paulo Autuori. Campeão mundial com o clube, o ex-técnico do Vasco tem boa relação com a diretoria do São Paulo e pode acertar a qualquer momento. Muricy, ídolo e sombra dos últimos comandantes tricolores, parece não ter mais disposição e paciência para treinar de verdade um time de futebol. Antes de tomar qualquer decisão, Juvenal precisa olhar para si mesmo e ver que o São Paulo é maior que qualquer pessoa que o comanda.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Surpreendeu, venceu e mereceu!

 
Testada e aprovada. A seleção brasileira tem, hoje, potencial para jogar de igual para igual com qualquer seleção do mundo. O tetracampeonato da Copa das Confederações mostrou porque o Brasil deve ser respeitado. Diante da poderosa Espanha, a equipe de Felipão atuou de forma perfeita e venceu a fúria por 3 a 0.

Deu tudo certo. O resultado, construído com gols de Fred e Neymar, foi apenas um detalhe diante do futebol apresentado pelo Brasil. E não foi só atacando. David Luiz, em um Maracanã que ficou em silêncio por milésimos de segundo, tirou uma bola que parecia impossível em chute de Pedro. Para completar, Sérgio Ramos perdeu a oportunidade do gol de honra espanhol em pênalti cometido por Marcelo.

Felipão juntou o que viu da Itália de Prandelli com o que recebeu de Gallo e conseguiu anular a Espanha. Além da compactação, o Brasil demonstrou espírito de campeão e na maior parte do jogo se deixou levar pela vontade de vencer. Na raça e na dedicação. Sem espaço, os espanhois, carregados por Iniesta, não tiveram êxito no famoso toque de bola e acabaram o duelo com apenas 52% da posse.

Ninguém pelo lado amarelo esteve abaixo do esperado. O atacante Hulk, contestado, jogou muito, participando efetivamente dos três gols canarinhos e anulando o lateral Jordi Alba. Oscar deu passe para gol e bloqueou diversas vezes a saída de bola espanhola. Daniel Alves e Marcelo também marcaram e correram demais, e Luiz Gustavo brecou a habilidade de Iniesta.

Um lance em especial marcou e lembrou o que todo brasileiro viu há exatamente onze anos atrás. O terceiro e último gol, marcado por Fred, foi muito semelhante ao segundo e último gol de Ronaldo que definiu o pentacampeonato do Brasil. O passe de Hulk para Neymar lembrou Kléberson com Rivaldo. O corta-luz de Neymar, camisa 10, foi idêntica a de Rivaldo, também camisa 10. E o chute do camisa 9 de 2013 Fred teve o mesmo destino da finalização do 9 de 2002 Ronaldo: o canto direito do gol. Compare o gol de 2002 com o gol de 2013.

O Brasil ainda não está pronto para a Copa do Mundo. Mas a Copa das Confederações foi o teste ideal para uma grande evolução acontecer. Neymar provou que pode ser genial também na seleção; Felipão ajustou o time-base deixado por Mano; Fred tomou conta da camisa 9 e o povo voltou a abraçar a equipe amarela depois de muito tempo. Prevalecem os elogios, que, com certeza, a seleção merece.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A invicta Espanha contra a Itália de Prandelli

 
A partida de hoje entre Espanha e Itália, válida pela semifinal da Copa das Confederações, certamente vai entrar para a história. Os últimos campeões mundiais não saíram do zero em um Castelão exageradamente quente e levaram para os pênaltis a decisão. Após 12 perfeitas cobranças, o zagueiro Bonucci chutou para fora e o espanhol Jesús Navas colocou a fúria na final.

O técnico italiano Cesare Prandelli talvez tenha sido o destaque do jogo. Utilizou um ousado 3-6-1 em sua equipe, com a dobradinha Maggio-Candreva deitando e rolando em cima do lateral esquerdo espanhol Jordi Alba, fraco defensivamente. Sem Balotelli e um ala esquerdo no papel, as jogadas italianas penderam para a direita. Prandelli também foi o responsável pelo estilo compacto da Itália, deixando por muitas vezes apenas 30 metros de distância entre Gilardino, centroavante, da linha defensiva, dificultando o jogo espanhol.

Sem perder um jogo oficial há 3 anos, a Espanha sentiu na pele o resultado da mudança italiana e pouco conseguiu fazer. Sem espaço, Xavi sumiu em campo. Iniesta tentava e conseguia criar algumas jogadas, não aproveitadas por Torres e Pedro. Fábregas, lesionado, não jogou. Após inferioridade nos 90 minutos - principalmente na 1ª etapa - a fúria se encontrou na prorrogação e mostrou ter uma melhor condição física.

As duas seleções tiveram oportunidades que pararam na trave. A primeira foi de Giaccherini, meia italiano, que após cruzamento de Maggio acertou um foguete de 123 km/h na trave de Casillas, já na prorrogação. Minutos depois, foi a vez de Xavi bater de fora da área e fazer o goleiro Buffon trabalhar e espalmar a Cafusa no poste.

Tudo que não entrou no tempo normal, entrou nos pênaltis. Foram 12 ótimas finalizações até o zagueiro Bonucci seguir a tradição de Baggio e isolar a bola do gol. Coube a Jesús Navas, que entrou bem no lugar de David Silva, tirar de Buffon e colocar a Espanha na final do torneio.

A Itália não merecia perder. Nem a Espanha. A verdade é que as duas jogaram de forma heroica. Primeiro pelo que mostraram dentro do gramado. Segundo pelo que suportaram dentro do próprio gramado: 30 graus de temperatura para os europeus não é fácil, e o desgaste físico do fim de temporada falou alto para alguns atletas.

Chegou a hora que todo brasileiro admirador de futebol queria. Brasil versus Espanha. O verdadeiro teste para Felipão mostrar que a seleção brasileira está pronta e no nível de qualquer outra equipe do mundo. Uma vantagem nossa seleção já tem: um dia a mais para descanso e recuperação física que a melhor seleção do mundo. Domingo, às 19h, o Maracanã será palco do jogão. Novo 'Maracanazo'?

Futebol não é justiça. Ainda bem.

 
O placar foi o mesmo da final de 1950. Mas, desta vez, a vantagem foi de quem estava em casa. O Brasil, injustamente, venceu um duro Uruguai em jogo emocionante e está na final da Copa das Confederações. Agora, a seleção espera o vencedor do confronto entre a melhor do mundo Espanha e a improvável Itália.

Firmes, os uruguaios jogaram mais do que o habitual. Godín, Lugano, Suárez e Cavani foram os melhores de uma seleção que usou da catimba quando sentia dificuldades. Forlán talvez tenha perdido a chance da classificação azul com o pênalti desperdiçado. Mas vale ressaltar Cavani. O atacante de 26 anos foi perfeito. Anulou as descidas do lateral Marcelo, e além de comandar as jogadas ofensivas de sua equipe, fez o único gol visitante no começo do 2° tempo. Nota dez para o camisa 21 do Uruguai.

Pelo lado amarelo, quatro jogadores se destacaram positivamente, porém, apenas em lances-chave. Júlio César, defendendo o pênalti de Forlán; Paulinho, participando de forma efetiva do 1° gol e subindo mais de dois metros para garantir a vitória brasileira; Fred, de casa, aproveitando a oportunidade, e Neymar, que teve influência nos gols canarinhos. Fora isso, todo o elenco do Brasil destoou do que fez até agora no torneio. Não conseguiu produzir lances de perigo, esteve frágil defensivamente e sentiu a pressão de um Mineirão lotado.

O Brasil do Brasileirão: Paulinho, Neymar e Fred, que protagonizaram ofensivamente, são os únicos titulares de Felipão que começaram a temporada em clubes brasileiros. Bernard, menino do Atlético Mineiro, também entrou bem. Contrário à eles, Daniel Alves, Thiago Silva e Luiz Gustavo, dos poderosos Barcelona, Paris Saint German e Bayern de Munique, tiveram baixo rendimento.

Afinal, a final. Domingo, no Maracanã. O 'Maracanazo' de 63 anos atrás não volta. Pelo menos não com o Uruguai. Corrigir os erros escancarados de ontem é primordial para a equipe de Scolari. Mexer na equipe não é a solução. Na atitude, com certeza.

sábado, 22 de junho de 2013

No caminho certo


A etapa inicial do Brasil na Copa das Confederações teve um saldo positivo. Com três vitórias em três jogos, a seleção brasileira foi a primeira colocada do grupo A e provavelmente encara o Uruguai na semifinal.

Nas duas primeiras partidas, não notou-se diferença do futebol que foi apresentado nos amistosos contra Inglaterra e França. Apesar de não tomar gol, o Brasil não empolgou e fez o feijão com arroz diante de Japão e México, respectivamente.

Hoje, contra a Itália, significativa melhora que se comprova no placar: 4 a 2. O gol impedido de Dante não tira o mérito do que foi o conjunto brasileiro, mais consistente e abraçado por um público que teve inteligência ao separar a crise política do Brasil com a equipe de Felipão.

Neymar evoluiu. E muito. Parece que a transferência tirou um enorme peso das costas do camisa 10, que, finalmente, está fazendo a diferença. Marcou nos três jogos, inclusive em cobrança de falta, ausente na seleção desde outubro de 2011. O craque, agora catalão, é um dos artilheiros do torneio.

A 3ª linha, composta por Hulk, Neymar e Oscar, melhorou. Móvel, ela vem abastecendo o centroavante Fred e dando espaço para a entrada de Paulinho, que fez o segundo gol na partida inicial da Copa das Confederações. Individualmente, Oscar está abaixo das expectativas, talvez pelo cansaço físico que teve na temporada pelo Chelsea.

O ponto fraco amarelo se concentra nas laterais. Daniel Alves e Marcelo estão vulneráveis, e cruzamentos vindos da linha de fundo são frequentes na defesa do Brasil. O camisa 6 se salva no ataque: é habilidoso e, em jogadas com Neymar, causa perigo. Por outro lado, Alves peca também atacando. Sem um reserva a altura, Scolari está sem opção de mudança no setor.

A rota está traçada. O caminho brasileiro passará pelo Uruguai e, se não pintar nenhuma surpresa, pela Espanha antes de chegar ao título. Até agora, foi bem seguida pelo Brasil. Mas é preciso melhorar na fase final.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Sem ilusões


Finalmente veio a tão esperada vitória brasileira em cima de um gigante do futebol mundial. Após quase quatro anos de vexames, o Brasil fez um bom jogo e venceu a França por 3 a 0. O resultado, todavia, é ilusório: os franceses vieram sem 6 titulares. Dentre eles, Ribery, craque do atual campeão da Europa Bayern de Munique.

Apesar da vitória, muita coisa pode e deve melhorar. Uma delas é o posicionamento de Paulinho, que, teoricamente, joga na mesma posição em que atua no Corinthians. Teoricamente. O volante parece ter medo de atacar. Não sabe-se se por receio do próprio ou por ordens de Felipão. A 2ª opção é mais válida, visto que o treinador chegou a colocar Luiz Gustavo e Fernando juntos na partida, prendendo mais ainda o meio-campo amarelo.

A ausência de uma marcação pressão forte também incomoda. O Brasil pouco faz o que é uma tendência do futebol moderno, e deixa frequentemente a intermediária adversária livre. Além disso, a criação de jogadas pelo centro do gramado não existe. Sempre um ataque brasileiro pende para um dos lados, facilitando a marcação contrária.

Mas, de todos os problemas existentes, o pior é a movimentação. No caso, falta dela. O 4-2-3-1 montado por Scolari é estático. Neymar, Oscar e Hulk dificilmente triangulam ou mudam de lado, alternando posições. Fixar o esquema só piora o desempenho.

A vitória tirou um peso enorme das costas do elenco do Brasil, que agora encara o Japão pela abertura da Copa das Confederações. Apesar de pouco importante, o torneio, hoje, é uma simulação do que a nossa seleção vai enfrentar ano que vem. Há sim a obrigação do título. E mais do que isso, de bons jogos.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Novo empate em novo estádio


Mais uma vez o Brasil empatou em um amistoso. Desta vez, diante da Inglaterra, que veio em fim de temporada a passeio no Rio de Janeiro. A bobagem de Felipão, desta vez, foi na escalação. Filipe Luis no lugar de Marcelo, Hulk no lugar de Lucas e Luiz Gustavo, reserva do Bayern, no lugar de Fernando foram as principais atrocidades cometidas pelo treinador retrógrado.

O jogo foi realizado em um estádio bonito, moderno e caro denominado Novo Maracanã, que de Novo tem tudo. De Maracanã, nada. Pois se fosse Maracanã, o gramado teria uma dimensão maior. A rede, os veús de noiva. E as arquibancadas, uma pintura diferente, já que se parecem mais ucranianas do que brasileiras.

As 20 finalizações brasileiras no 1° tempo não foram traduzidas em gol, que veio somente com Fred, na etapa final. Chamberlain e Rooney viraram para os visitantes, e Paulinho, que na maioria do tempo atuou fora de sua posição, salvou a seleção brasileira, empatando e fechando o placar. 2 a 2.

Mal dirigido, o Brasil agora tem um último teste antes da Copa das Confederações. A França, em Porto Alegre, no domingo. Já são 3 anos e 5 meses sem uma vitória sobre um gigante. A paciência do povo brasileiro parece ter acabado, e os bons tempos de amor aos jogos da seleção continuam ausentes em uma rica história de títulos. Tudo isso não preocuparia tanto em outros tempos. Mas, hoje, um ano antes da principal competição da história da amarelinha, faz ligar o sinal de alerta.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

CB Entrevista - Alex Sabino

O primeiro brasileiro a entrevistar o ícone Alex Ferguson é o 8° entrevistado do blog. ALEXSANDRO SABINO é jornalista esportivo e passou pela imprensa de Santos antes de chegar ao Diário de S. Paulo, em 2010, onde trabalha até hoje. Ele gentilmente atendeu ao blog e contou um pouco de sua história no jornalismo, além de opinar sobre os principais temas do futebol atual.

Da direita para a esquerda: Alex Sabino, Jorge Nicola (Diário), Alexandre Lozetti (GE.com) e Mauro Graef (L!), na Copa América 2011


CB: Você sempre quis ser jornalista?
AS: De uma certa maneira, sim. Na verdade, eu escolhi fazer faculdade de jornalismo porque era muito fã da Jovem Pan AM. Escutava a rádio o dia inteiro. Curiosamente, nunca trabalhei numa emissora de rádio. Apenas em jornais e sites. Eu costumo dizer que a única coisa que sei fazer mais ou menos bem é escrever. Acabou sendo uma escolha natural.

CB: De onde veio sua paixão pelo futebol?
AS: Eu não sei responder isso muito bem. Por ter sonhado em ser jogador e não conseguido, em grande parte por não ser bom o suficiente. Sempre gostei bem mais de ver futebol do que jogar. Hoje em dia, não jogo mais. Nem de brincadeira. Mas assistir, assisto o que estiver passando.

CB: Pode nos contar um pouco de sua carreira até hoje?
AS: Eu comecei num jornal de Santos chamado Boqueirão News (hoje em dia se chama Jornal do Boqueirão). Lá eu não fazia apenas esporte, mas todas as editorias. Entrei como folguista no Lance! em 2000, fui contratado em 2001 como setorista do Santos. Fiquei até 2008 e fui para o Jornal da Tarde. Desde 2010, estou no Diário de S.Paulo.

CB: Você já teve a oportunidade de entrevistar Alex Ferguson. Foi a entrevista que mais te marcou?
AS: Não sei se "marcou" é a palavra certa. É a que mais me orgulho porque levei seis anos para conseguir e paguei a viagem do meu bolso para realizá-la. Pela figura que ele é e por ter sido a primeira entrevista para um jornalista brasileiro, dá realmente orgulho. Mas eu gostei de entrevistar muitas outras pessoas legais, às vezes nem tão famosas. Talvez nada famosas, mas gente interessante.

CB: Existe diferença entre escrever para um jornal e para um site? Qual?
AS: Isso depende do site. Normalmente, sim, porque a matéria para o site é mais curta, mais imediatista. Tudo isso é na teoria porque existem matérias especiais, mais trabalhadas também em grandes portais. Refiro-me ao "noticiário". Em jornal, você tem mais tempo para apurar e pensar no texto. Mais uma vez: teoricamente.

CB: Você já viu de perto o futebol brasileiro e europeu. É a hora de Neymar sair do país?
AS: Demorei tanto para responder que ele já saiu, né? Eu acho que era a hora certa para ele, Neymar. Tanto pela parte financeira quanto pela oportunidade de medir forças (ou estar ao lado) dos melhores do mundo todas as temporadas. Ele já estava marcando passo no futebol brasileiro e, talvez fora, o talento que tem possa ser mais apreciado. Eu só não engulo a defesa da saída dele como benéfica para a seleção brasileira. Acho que uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra.

CB: Existe algum jornalista em que você se inspire?
AS: Há jornalistas que eu admiro. Não me inspiro porque você querer imitar alguém é uma armadilha perigosa. O jornalista deve tentar buscar seu próprio estilo. Paulo Francis é alguém que continuo admirando muito. Gay Talese, pelos textos soberbos e gigantescos, como jornalismo deve ser. H.L Mencken por ser um incendiário, coisa que falta na imprensa atual. Entre os jornalistas esportivos, eu admiro Henry Winter (do Telegraph), Uli Hesse (que escreve para o Soccernet) e John Motson, narrador da BBC.

CB: O que esperar do Brasil como sede e equipe para a Copa de 2014?
AS: Nós podemos esperar que vão acontecer muitos problemas, várias coisas erradas, desvio de dinheiro mas, mesmo assim, os organizadores vão cantar vitória quando o evento acontecer com o discurso de "está vendo? Apesar de tudo, a Copa do Mundo está aí!" E muita gente da imprensa vai entrar nessa.

CB: Para encerrar, ser jornalista esportivo é... ?
AS: Estar pronto para perceber que jornalismo não é entretenimento. Por mais que tenha gente que insista em dizer que é. Jornalismo é jornalismo. Entretenimento é entretenimento.

O galo vivo em um futebol mágico


Passou para a semifinal da Libertadores um galo forte vingador nesta quarta-feira. Jogando menos do que habitualmente, o Atlético Mineiro teve que contar com Victor e, com o regulamento debaixo do braço, avançou e agora é o único brasileiro vivo na competição, que derrubou, no apito, outros brasileiros.

O momento da defesa de Victor no pênalti mexicano no último minuto foi mágico. Para qualquer fã de futebol agradecer Charles Miller pela existência desse esporte. Fez a emoção superar a razão. E explodir um Independência até então calado pelo medo da rede balançar. O maior chute da história do Atlético Mineiro não foi executado por Reinaldo ou Ronaldinho Gaúcho. E sim por outro R. De Riascos, do eliminado Tijuana.

Dois fatos marcam mais ainda o que Victor, com a ponta da chuteira, fez ontem: em 1999, Marcos defendeu um pênalti do rival Marcelinho Carioca e classificou o Palmeiras na Libertadores, também nas quartas de final. Ano passado, no mesmo torneio, Cássio salvou o Corinthians do pior contra o Vasco. Na ocasião, Diego Souza, sozinho com o goleiro, desperdiçou o que seria certamente a vaga dos cariocas. Outro fato nas quartas. Palmeiras e Corinthians, com estes milagres, foram campeões.

Victor virou herói. E salvou Leonardo Silva, que tornaria-se vilão caso o pênalti fosse convertido. Aos 30 anos, o bom goleiro, que nunca foi lembrado na seleção brasileira, deixou o galo mais vivo do que nunca no horto. Victor, de Santo Anastácio, interior de São Paulo. De Belo Horizonte. Do Brasil. Da América. Do mundo?

sábado, 25 de maio de 2013

Vítima do próprio futebol


Neymar foi vendido ao Barcelona. Algo que não poderia para a seleção brasileira, neste momento, acontecer. Atuando na europa, o garoto, além de sair por um preço que não condiz com sua habilidade, não terá férias até a Copa do Mundo de 2014, titularidade garantida e tempo para adaptação ao futebol europeu, já que há apenas uma temporada até o torneio de seleções.

O preço, apesar de ainda não divulgado, é risível. Com certeza é bem menos do que o Santos imaginava e do que o camisa 11 vale. Vacilo histórico de Luis Alvaro Ribeiro, atual presidente santista, que, inocentemente, prorrogou o contrato de Neymar até 2014 e por pouco não perde o craque de graça.

Neymar pode ser cai-cai, reclamão e teimoso. Mas não podemos execrar nossa melhor jóia faltando um ano para uma Copa no nosso país. Provavelmente será ele o "cara" do Brasil no torneio.

Há sim, culpados. Neymar é vítima, e caso não brilhe na Copa e até na Europa, alguns alvos são fáceis de encontrar. Abaixo, responsáveis e motivos.

MURICY RAMALHO. O treinador simplesmente deixou de comandar o Santos, e em muitos momentos parece ter jogado a responsabilidade toda do time nas costas do atacante.

DIRETORIA DO SANTOS. Não soube administrar o contrato e a imagem do atleta, e transformou a venda de Neymar, que era pra ser cautelosa, em uma mistura de novela e leilão. Fora isso, perdeu muito dinheiro. Vergonha com a marca da gestão LAOR.

IMPRENSA. Ou parte dela, que endeusou Neymar em seu primeiro ano profissional. Tudo bem que o santista quis se aventurar no mundo da propaganda. Mas a imprensa em muito contribuiu para a construção de uma imagem que Neymar não precisava.

FELIPÃO. O treinador da seleção brasileira deixa Neymar como único protagonista de uma equipe pentacampeã mundial que vai sediar uma Copa do Mundo. Ronaldinho, Kaká e até Robinho deveriam segurar a bronca junto do prodígio.

TORCIDA BRASILEIRA. É bom ressaltar que não são todos os torcedores. Mas quem classifica Neymar como pipoqueiro não pode estar pensando friamente. Ele pode até não fazer boas atuações, mas transferir todo o peso de uma seleção em crise para um jogador de 21 anos é algo incoerente.

CBF. Que fez a bobagem de trocar muito tarde a comissão técnica de sua seleção. Demitir Mano no fim de 2012 foi um erro, e perderam-se meses de trabalho. Interferiu, sim, no rendimento de Neymar e do plantel todo.

JOGADORES DO SANTOS. Fracos tecnicamente ou não, deveriam auxiliar melhor Neymar. Aproximar, tentar uma tabela, aparecer para o jogo. Felipe Anderson, André, Miralles, Patito Rodriguez e até Montillo não dão conta do recado. E demonstram, muitas vezes, que estão em campo para entregar a bola para o camisa 11 e esperar alguma coisa.

E uma série de outros fatores de menor importância. Neymar não poderia sair hoje. Agora. No meio de 2013. É como a situação de Mano Menezes na seleção: se fosse pra sair, que saísse antes. Nas vésperas de uma Copa do Mundo, um novo Barbosa (no sentido do julgamento injusto) pode estar chegando, 64 anos depois. Resta ao povo brasileiro torcer pelo sucesso do jovem.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

CB Entrevista - Reinaldo Gottino


Um jornalista reconhecido e palmeirense de coração. Este é REINALDO GOTTINO, nosso 7° entrevistado. Apresentando tanto programas esportivos quanto policiais, Gottino tem vasta experiência na imprensa. Trabalhou em veículos como a Rádio CBN e a Gazeta antes de chegar à Rede Record, sua atual emissora. Nela, Reinaldo já apresentou diversos programas e hoje comanda o jornal que começa às 6h10, abrindo a programação da Record. Na entrevista, Gottino conta um pouco sobre sua visão do jornalismo e do futebol.

CB: Você sempre quis ser jornalista?
RG: Sim, desde que ouvia Osmar Santos no rádio.

CB: De onde vem sua paixão pelo futebol?
RG: De ouvir no rádio, sempre fui apaixonado pelo esporte.

CB: Você prefere comandar um programa esportivo ou um programa policial?
RG: Ambos, gosto de jornalismo. Hoje faço os dois na Record. Policial no dia a dia e esporte nos grandes eventos da emissora.

CB: Qual foi o programa que você mais gostou de apresentar até hoje?
RG: Foram vários. O que faço hoje, às 6:10 da manhã na Record, me agrada muito.

CB: Futebol: o que o Palmeiras, seu time de coração, precisa para voltar ao bons tempos?
RG: Recomeçar e corretamente. Acho que está no caminho certo agora.

CB: Qual foi o melhor jogador que você viu jogar?
RG: Sem dúvidas, Evair. O maior atacante que já vestiu a camisa do Palmeiras.

                                            Gottino sempre foi fanático pelo Palmeiras                                                          Foto: twitter.com/RGottino

CB: O que esperar do Brasil como sede para a Copa de 2014?
RG: Que não seja uma vergonha. Tomara que dê tudo certo.

CB: E como seleção?
RG: Acho que na hora do campeonato todo mundo dos grandes fica no mesmo nível.

CB: Neymar deve sair do Brasil agora?
RG: Já deveria ter saído. É fera e com certeza vai arrebentar lá fora.

CB: Para finalizar, quais são seus ídolos no jornalismo?
RG: Heródoto Barbeiro (hoje na Record News), Percival de Souza (Record), Flávio Prado (Gazeta), José Trajano (ESPN Brasil) e o maior narrador esportivo de todos os tempos: Osmar Santos.

CB: Obrigado pela entrevista e sucesso na Record.
RG: Obrigado, bom dia.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Sozinho não dá


Um grande craque formado em um grande time. Neymar da Silva Santos Júnior tem tudo para ser um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Mas, de uns meses para cá, o garoto vem apresentando um futebol abaixo do que se espera. E grande parte da culpa vem de quem o formou: o Santos.

Domingo, Neymar, já na etapa final, tentou literalmente sozinho ganhar o jogo de um Corinthians sólido e consistente. Antes, porém, buscou a ajuda de seus companheiros. Felipe Anderson errava tudo e se posicionava mal. André, ruim tecnicamente, deixou novamente a desejar. Montillo não estava em campo, e Cícero era o único que, razoavelmente, contribuia. O ex-moicano tentou com a equipe e sem ela. Não conseguiu.

Muricy Ramalho também deve ser mencionado. O treinador parece deixar nas mãos do atacante toda a responsabilidade dos resultados e do desempenho de seu time, que não tem padrão de jogo. Aparentemente cansado, Muricy não tem mais o prestígio nacional que conquistou no tricampeonato do São Paulo, no fim da década passada.

Ir para o Barcelona, agora, talvez seja pior. Neymar corre o risco de não se adaptar no futebol europeu, e com pouco tempo para a Copa do Mundo, a seleção brasileira pode ser prejudicada. O menino da vila deveria se transferir antes, no meio de 2012. Assim, teria duas temporadas na Europa para se adaptar, enfrentar grandes defensores e desenvolver um estilo tático que ainda não possui.

Prejuízo nos dois lados: se ficar, precisa de um time muito melhor ao seu lado; se sair, precisa se adaptar o mais rápido possível na Europa. E o Santos, principal impasse na venda de Neymar, quer a venda agora. Em um contrato ingênuo, o clube praiano pode perder o jogador de 21 anos de graça caso não consiga finalizar a transferência antes do término contratual. Lucro zero.

Preocupa o fato do Santos depender de Neymar. Se perdê-lo, e não modificar radicalmente seu elenco, corre riscos em um campeonato longo em que a prioridade é o conjunto: o Brasileirão.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

É campeão! É Corinthians!


O Corinthians venceu neste domingo o Paulistão pela 27ª vez e provou que é o time que não para: foram 3 títulos nos últimos 10 meses levantados por Alessandro, capitão alvinegro. O timão empatou com o Santos na Vila Belmiro por 1 a 1 e quebrou o desejo dos mandantes do tetracampeonato.

Consistente, a equipe de Tite iniciou uma partida de muitas faltas e laterais com muita marcação e tentativas de contra-ataque. Ralf impediu ataques santistas frequentemente e deu mais segurança ao setor defensivo. Com a bola, a compactação do time prevaleceu, mas de imediato não resultou em gols. Guerrero pecava no domínio, Emerson errava passes simples e Romarinho ficava pouco com a bola.

Apesar de melhor, o time da capital saiu atrás no placar. Aos 26 minutos da etapa inicial, Felipe Anderson, em falta, cruzou para dentro da área. Durval escorou para o meio e Cícero mandou um voleio, indefensável. 1 a 0. A vantagem do Santos, entretanto, durou apenas 2 minutos, e logo na saída de bola veio o empate. Com participação de Alessandro, Romarinho, Guerrero, Paulinho e Danilo, o timão, com o brilhante camisa 20, empatou. Curiosamente, Danilo estava sendo atendido após sangramento na cabeça no lance do gol santista.

Com 3 bolas na trave do Corinthians, o placar foi fiel e se manteve em a 1 a 1 até o fim. Danilo, cérebro do elenco campeão, foi o melhor em campo. Ralf também merece ser lembrado, e até Douglas, camisa 10 e reserva, entrou bem.

Na provável despedida de Paulinho, deu Corinthians. Com o título, o bando de loucos agora tem mais 3 competições para disputar no ano: o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Recopa Sulamericana. É favorito em todas, pelo elenco e pelo técnico que tem. Sem dúvidas, o campeão dos campeões vive hoje um dos momentos mais ricos de toda sua história.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Fim da linha

 
Caiu nesta quarta-feira, no Pacaembu, o último paulista da Libertadores. Precisando vencer por dois gols de diferença, o Corinthians, com quatro erros de arbitragem contrários, conseguiu apenas um empate por 1 a 1 com o Boca Juniors. Com as eliminações de São Paulo e Palmeiras, o trio de ferro paulista agora muda o foco para o Brasileirão e a Copa do Brasil.

Em um primeiro tempo fraco, os argentinos não se intimidaram com o atual campeão do mundo e anularam as principais jogadas do alvinegro. Um pênalti foi ignorado e um gol legal de Romarinho não marcado. Mas o Corinthians não mostrou todo o seu futebol na primeira etapa e deixou Riquelme brilhar. Após bola rolada, o craque, de muito longe, acertou o ângulo de Cássio, que falhou e não evitou o gol. Golaço.

Três gols eram necessários com o fim do 1° tempo. Tempo que nitidamente mostrou: para passar da barreira do Boca era preciso jogar de fora para dentro. Da lateral para o meio. Atuações individuais abaixo do esperado também eram claras: Paulinho não subia; Alessandro errava muitos passes; Guerrero não estava com o pé calibrado e Romarinho se mostrava apático.

Tite observou tudo isso, e após mexer no elenco, viu o resultado. Tirou Alessandro e Romarinho para colocar Edenílson e Pato. Demonstrando vontade e intensidade, o Corinthians chegou lá antes dos 10 minutos iniciais com Paulinho, de cabeça, após cruzamento da direita de Emerson Sheik. De fora pra dentro.

A intensidade durou mais 15 minutos. E neles, mais duas irregularidades. Outro gol legal foi anulado, desta vez do volante que abriu o placar, e outro pênalti não marcado, novamente com Emerson. Depois dos 30 minutos, a adrenalina baixou. E Pato, que entrou bem, teve azar. Em nova jogada de fora pra dentro, o camisa 7 tirou do goleiro e, sozinho com o gol, acabou pisando na bola e perdendo a oportunidade do segundo tento brasileiro.

Douglas acabou entrando e pouco criando. Paulinho caiu de produção. E assim terminou uma partida onde o Corinthians foi eliminado na bola e na arbitragem, que influenciou o resultado assim como ontem, no mesmo estádio, contra o Palmeiras. Não restam dúvidas: a arbitragem da Conmebol em jogos de brasileiros na Libertadores é um tanto quanto duvidosa.

A fiel torcida honrou o apelido. Posteriormente ao apito final, aplausos, cantos e gritos de apoio ecoaram um Pacaembu lotado e trajado de preto e branco. Resta ao alvinegro pensar no domingo, em uma final de Paulistão, torneio que este elenco e Tite ainda não possuem.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Palmeiras, um gigante indecifrável

 

Depois de uma eliminação para o Tijuana, prova-se uma tese: o time mais improvável do Brasil chama-se Sociedade Esportiva Palmeiras. Perder de 6 para o Mirassol é inesperado. Empatar com o Tijuana fora de casa também. Perder uma invencibilidade no Pacaembu para os mexicanos após o zero a zero comprova.

O Palmeiras de hoje faz o difícil e peca no fácil. Com um elenco recheado de nomes pífios, Kleina faz até mágica. E nesta quarta-feira o vilão atendeu pelo nome de Bruno, goleiro formado no mesmo gramado de Marcos e Velloso, ídolos palestrinos. Em um lance bobo, o reserva de Prass fez pose para defender uma bola fraca e acabou fraquejando. Falhou. Frangou. Eliminou o verdão da Libertadores.

Grotesco, como avaliou Bruno, o lance foi o fator-chave para a derrota de 2 a 1 frente ao Tijuana, que apesar de modesto e sem experiência, não tem nada a ver com isso. Agora, o futuro do goleiro é incerto no Palmeiras. Apesar do erro, vale ressaltar que não houve falhas no segundo gol mexicano.

Faltou cabeça para os jogadores palmeirenses após os gols vermelhos. Faltou experiência. Faltou um elenco cascudo e preparado para situações adversas. Faltou um Didi, que após um gol sueco na final da Copa de 58 pegou a bola no fundo das redes e caminhou lentamente rumo ao meio de campo. Calmo, tranquilo, sereno e confiante. Ninguém no Palmeiras demonstrou isso. Fez falta.

Quem também costuma entregar acabou salvando. Maurício Ramos, aos 35 da segunda etapa, tirou em cima da linha um chute de Riascos, que após driblar o camisa 1, foi displicente e perdeu a chance de matar o jogo sem sustos.

Péssimo como Bruno foi a arbitragem. Uma série de erros, como faltas inexistentes, exagero no número de advertências e até um cartão vermelho para um jogador dos visitantes que nem amarelo tinha. Não houve o pênalti marcado a favor do Palmeiras, assim como não houve impedimento no gol anulado de Kléber, pelo alto.

Sair da Libertadores com este plantel não é nenhum absurdo. Na realidade, alguns davam até o Palmeiras como eliminado na 1ª fase. O foco do verdão deve ser a Série B. Mas que ficou aquele gostinho de vexame pela circunstância da competição, ficou. Bola pra frente.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Preocupante

 
"Quem eu tinha dúvida não está aqui; quem eu não tenho está". Foi com essa frase que Felipão soltou nesta manhã uma fraca lista de convocados para a Copa das Confederações. Em uma conferência difícil de engolir com José Maria Marin ao lado do treinador rebaixado com o Palmeiras, alguns nomes inimagináveis ficaram de fora do elenco.

Ronaldinho Gaúcho não está na lista. Em parte, algo aceitável, pois o camisa 10 do Atlético Mineiro não vem mostrando todo seu futebol com a camisa amarela. Mas o craque é uma referência e bota medo nos adversários, algo que não ocorre com Neymar. Felipão repetiu o que fez com Romário, em 2002. O outro medalhão, Kaká, também foi esquecido.

O polivalente Ramires não foi chamado. E aí sim o treinador foi incoerente. O jogador do Chelsea esteve com frequência na seleção brasileira e, por Scolari não falar sobre quem não foi convocado, não sabe-se o motivo da ausência. Injustiça com o camisa 7. Diego Alves, Ralf, Zé Roberto, Alex e Osvaldo também poderiam ser chamados.

As convocações de Hulk, Jean e Luiz Gustavo escancaram a falta de planejamento e tempo que dominaram o período pós-Copa 2010 do Brasil. Os três são úteis e jogam em mais de uma posição, mas não estão no nível técnico de uma seleção pentacampeã mundial. Luiz Gustavo é reserva do Bayern de Munique, o que abre pretexto para outra injustiça: a não-convocação de Alexandre Pato.

Surpresas boas foram raras. Bernard e Jadson talvez foram os únicos presentes que não eram esperados pelo público. Merecem porque já vem jogando e muito nos seus clubes há algum tempo.

Felipão teve coragem e protagonizou hoje de novo. Só 2 dos 23 jogadores da última edição da Copa das Confederações estão dentro. Caso a seleção cometa um fracasso este ano, os nomes citados acima que ficaram de fora com certeza farão a cabeça do técnico doer.

Quem tem dúvida é o povo brasileiro, Felipão. Que duvida de você como comandante da Copa de 2014.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Não está definido


Goleada de chances perdidas do time de São Paulo. Lucro na magra derrota do time da baixada santista. Apesar da vitória de 2 a 1 no Pacaembu, o Corinthians perdeu a chance de matar o Paulistão neste domingo e leva para a Vila Belmiro apenas um gol de vantagem. O Santos, apresentando um futebol digno de um pequeno, saiu no lucro com um tento achado nos instantes finais da partida.

Lembrando 2012, o timão mandou no jogo e encontrou um Santos apático, que não conseguiu se impor. Mas, o bom futebol não se resumiu em muitos gols. Apenas dois foram feitos, em pelo menos quatro ou cinco oportunidades claras. Teve bola na trave de Paulinho, gols perdidos cara a cara com o goleiro de Sheik e rebote para fora de Guerrero. Em uma final de campeonato, isso não pode acontecer. O castigo veio, com Durval, de cabeça, já na etapa final. Fez doer a cabeça do Corinthians, que agora não é mais campeão direto se perder na cidade praiana.

O elenco de Muricy Ramalho teve uma pífia atuação. Sem sair para o jogo, o Santos só não tomou uma goleada por displicência corinthiana e por mérito de Rafael, goleiro que salvou o time por diversas vezes. Inesperado? Não. O peixe não vem jogando absolutamente nada em 2013 e seus principais jogadores não estão dando conta do recado. Neymar não emplaca uma boa sequência, Montillo não consegue mostrar seu futebol e Assunção parece um ex-jogador em atividade quando joga. É preocupante a situação santista.

Página virada, os dois retornam ao gramado no domingo. O Santos tem o meio de semana vazio, logo, voltará todas as suas atenções para o jogo final. O Corinthians, entretanto, tem uma pedreira na quarta-feira. Valendo uma vaga nas quartas de final da Libertadores, o alvinegro pega o Boca Juniors em casa e precisa vencer por mais de um gol de vantagem para avançar.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Adiantou as férias?

 

O problema da derrota do São Paulo não foi o resultado em si. Tudo bem que perder em casa e tomar uma goleada fora dela não é normal para uma equipe acostumada com Libertadores. Jogar pouco e demonstrar todas as fragilidades de um time que precisa de renovação é preocupante. Dinâmico é o futebol, e hoje, o Atlético Mineiro é muito mais completo que o tricolor e que a maioria dos times brasileiros.

O agregado de 6x2 não deixa dúvida: é preciso mudar o planejamento. Reformular parte do elenco, contratando laterais, zagueiros e um outro atacante. Nomes como Lúcio, Rafael Tolói, Paulo Miranda, Douglas e até Luis Fabiano parecem não dar mais conta do recado.

Mas não são apenas nomes. O padrão do São Paulo hoje é comum. Comum e dependente de Osvaldo e Jadson. Há a necessidade da mescla entre sangue novo com outro estilo de jogo. O intervalo de duas semanas pode parecer pouco, mas nesse tempo um novo Lucas não vai surgir, e neste plantel o torcedor já não tem mais confiança.

Jogadores como Wallyson e Rhodolfo são opções. Recém-chegado no Morumbi, o atacante ainda não teve espaço com Ney Franco, que prefere improvisar Douglas na ponta direita. Já o zagueiro era titular até a chegada de Lúcio, um dos principais culpados pela eliminação são-paulina na Libertadores. Também pode voltar.

Demitir o treinador seria um erro. Ney Franco pode ter seus defeitos, mas mudar uma comissão técnica exige mais tempo do que mudar parte do elenco. Se é péssimo em ritmo de jogo e renda ficar mais de duas semanas sem atuar, o São Paulo tem a oportunidade de se estruturar até o Brasileirão.

No zoológico paulista, gavião e galo já levaram a melhor. Ganso não contribui, e a macaca vem aí. A raposa, a baleia, e até o urubu também estão esperando o São Paulo. É bom abrir o olho. E segurar os bichos.

terça-feira, 7 de maio de 2013

CB Entrevista - Alexandre Araújo

 
A entrevista de número 6 traz outro grande nome da imprensa brasileira. ALEXANDRE ARAÚJO começou na TV Record e passou por vários outros veículos de comunicação antes de chegar ao Fox Sports, onde atualmente é apresentador do Fox Sports Rádio, programa que vai ao ar na hora do almoço e é sucesso de audiência. Mesclando sua história com a sua opinião, Alexandre gentilmente concedeu a entrevista que você confere agora.

CB: Você sempre quis trabalhar no ramo do esporte?
AA: Desde sempre. Quando pequeno, por volta dos seis anos, adorava narrar meus jogos de futebol de botão. Narrava e gravava na fita cassete. Alguém ainda sabe o que é isso? Morava em São Paulo, mas me lembro de ouvir a diariamente Rádio Globo do Rio de Janeiro. Eu sempre fui apaixonado pelo rádio esportivo.

CB: Como começou sua carreira profissional?
AA: Comecei a trabalhar com 17 anos no arquivo de imagens da TV Record, em São Paulo. Valeu pela experiência e foi meu primeiro contato com o meio. Em 1995, ainda na capital paulista, fui estagiar no departamento de esportes da Radio Bandeirantes AM. Fiquei na emissora durante quatro anos e tive o prazer de trabalhar ao lado de muitas feras, como: Claudio Zaidan, Ricardo Capriotti, Orlando Duarte, Paulo Edson, Eduardo Affonso, Leandro Quesada, Mauricio Bonnato, Mario Mendes, entre outras feras do rádio paulista. Depois, passei pela Agência Estado, Radio Nove de Julho, Radio Globo, Sportv, Cidade, FM O Dia, OI FM, MPB FM e hoje faço parte do Fox Sports.

CB: Fora a presença de câmeras, qual é a diferença entre um programa de rádio e um de TV?
AA: A linguagem é diferente. A TV depende da imagem, ao contrário do rádio, onde existe margem maior para criar e isso talvez seja o mais apaixonante. Você ouve e imagina o que está sendo contado. A TV é mais direta.

CB: Você se espelha em algum jornalista esportivo?
AA: Nunca tive ninguém como referência, mas admiro muitos. Posso citar o José Carlos Araújo, Juca Kfouri e Claudio Zaidan.

CB: Você também é conhecido por mesclar o humor com o futebol. Acha que isso está em falta nos veículos de comunicação?
AA: Pelo contrário. Acho que isso hoje virou uma tendência. A emissoras viram que o futebol e o esporte de um modo geral devem ser tratados com mais suavidade, mais humor. Futebol não é política nem economia. É divertimento, entretenimento. Hoje, grande parte dos programas tem um tom mais leve. Tenho certeza que o Rock Bola-Pop Bola teve uma contribuição muito importante nessa mudança de linguagem.

CB: O Fox Sports Rádio, apesar do pouco tempo no ar, tem grande audiência. Qual o motivo do sucesso?
AA: Conseguimos levar uma fórmula de rádio para a TV. A agilidade do rádio com a modernidade da televisão. O imediatismo do rádio com a participação de entrevistados por telefone... sem contar o ótimo Ricardo Martins e o bem informado Eugênio Leal. Conseguimos unir informação com doses de bom humor.

CB: Futebol: Quem vence a Libertadores?
AA: Aposto no Corinthians e no Fluminense, times que tem conquistado títulos nos últimos anos. Não dá para descartar o galo, que está jogando o fino da bola.

CB: O Brasil está pronto para ganhar a Copa do Mundo de 2014?
AA: Não acredito. A safra de jogadores é comum, ainda não conseguimos montar um time e a competição está chegando. O fato do Brasil não estar disputando uma competição tem prejudicado nossa seleção. Acho ainda que o Felipão não é o cara indicado pra comandar o Brasil. Era a hora do Muricy ou do Tite. Estou pessimista, mas como vamos jogar em casa, de repente, vai que dá uma zebra. Hoje o Brasil é azarão.

CB: Qual o melhor jogador que você viu jogar?
AA: Zico e Romário. Os dois foram brilhantes. Uma pena que a seleção não venceu a Copa da Espanha, em 1982. Se tivesse sido campeã, Zico seria tratado de uma outra forma.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Parabéns, presidente!


Hoje José Maria Marin faz 81 anos. O ex-governador de São Paulo no período da ditadura militar acumula em seus muitos anos de vida um histórico um tanto quanto polêmico e duvidoso. Como presente, Marin é hoje presidente de uma CBF ridicularizada por Ricardo Teixeira, seu companheiro de longa data. Além disto, o ex-deputado estadual do ARENA comanda o Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014.

Tentando passar um estilo boleiro (foi jogador profissional na década de 50), Marin é hoje um líder enfraquecido. Sem apoio de parte do governo, do povo e até de pessoas ligadas à CBF, ele tenta se manter no poder e deseja ficar no cargo até o fim da Copa do Mundo, realizada no Brasil. Já disse que não sai e que está com o foco somente na seleção brasileira.

O sucessor de Teixeira será testado na Copa. Em um ano, o Brasil receberá pessoas e equipes de toda a parte do mundo e tem o dever de ser um exemplo de sede e de seleção. As obras atrasadas e com o orçamento estourado de estádios e aeroportos deixam os brasileiros em dúvida. A atual seleção em quase certeza de fracasso. Será que estaremos prontos? Será que ganharemos a Copa na bola?

Parabéns, presidente. Parabéns pelo trabalho, parabéns pela medalha, parabéns pela história! Talvez hoje o melhor presente possível que você possa proporcionar ao povo brasileiro é uma renúncia, para mostrar que é fiel ao seu antecessor e seguir os passos de uma grande e nobre figura pública.

Paulistão de pênaltis

Foram os pênaltis que nomearam os finalistas do Paulistão 2013. Em partidas fracas, Santos e Corinthians superaram, respectivamente, Mogi Mirim e São Paulo e agora reeditam as finais de 2009 e 2011.

No sábado, um fraco Santos empatou em 1 a 1 com uma ótima equipe do Mogi Mirim. Inferior durante os 90 minutos, o alvinegro saiu perdendo e só em uma bola aérea conseguiu com Edu Dracena o empate. Nos pênaltis, igualdade em 3 a 3 nas cinco chances. Ficou para as cobranças alternadas, onde o melhor jogador do time do interior, que havia se lesionado, perdeu. Roni bateu e Rafael novamente passou o Santos de fase defendendo mais um pênalti.

 
O sonho do tetra continua. A geração de Neymar pode fazer o que a geração de Pelé não fez: conquistar por quatro vezes seguidas o Campeonato Paulista. O Santos tem a vantagem do segundo jogo em seus domínios. Mas escolher o Pacaembu como casa seria um suicídio, visto que o seu adversário é sempre mandante do estádio. A Vila Belmiro, apesar de pequena, é e não poderá deixar de ser a casa santista.

Um dia depois, o majestoso. Novamente no Morumbi, São Paulo e Corinthians fizeram um jogo totalmente diferente do que foi o confronto na 1ª fase. Chato, truncado e com poucas oportunidades de gol, a partida ficou no zero e teve que ser decidida nas penalidades máximas.

Rogério Ceni foi o primeiro a bater. Arriscou uma cavadinha e converteu. Douglas iniciou pelo timão e também marcou. Rafael Toloi e Romarinho também tiveram êxito. Ganso foi o terceiro do tricolor e provou que finalizar ao gol não é uma qualidade sua. Bateu acima do gol de Cássio e deixou os são paulinos preocupados. Fábio Santos e Jadson converteram. Alessandro, capitão corinthiano, bateu na trave.


Empate. Luis Fabiano e Pato foram os últimos. O primeiro parou no goleiro Cássio, que acertou o lado em todas as cobranças e espalmou a batida do camisa 9. Aí apareceu de novo Rogério Ceni. Em uma ação totalmente antijogo, o goleiro se adiantou antes do chute de Pato e foi parar quase na risca da pequena área. Patético, Ceni ainda reclamou da arbitragem, que agiu corretamente e mandou o pênalti voltar. O camisa 7, sem perder o foco, fez o gol e classificou o Corinthians à final do Campeonato Paulista.

Em um Campeonato Paulista inchado e tecnicamente abaixo do esperado, os pênaltis decidiram os finalistas. A esperança é de que Santos e Corinthians melhorem, pois nenhum vem apresentando futebol de campeão e os dois tem elenco de sobra para fazer mais. Muito mais

quinta-feira, 2 de maio de 2013

CB Entrevista - Márcio Faria Corrêa

 
Uma entrevista diferente. Nem narrador, nem comentarista. Hoje nossa conversa é com um preparador físico e estudioso do futebol. MÁRCIO FARIA CORRÊA é pós-graduado em Fundamentos da Preparação Física Moderna, já trabalhou em diversos clubes, como Internacional, Grêmio, Cerro Porteño, Criciúma e hoje faz parte da comissão técnica do América-MG. Experiente e muito bem avaliado por seus atletas, Márcio é professor de Educação Física e ministra palestras em diversas universidades, além de participar de eventos como o Footecon, o fórum internacional do futebol.

CB: Você tem passagens por diversos clubes do Brasil e da Arábia Saudita. Qual a principal diferença na preparação física entre os países?
MFC: Não somente na Arábia, mas na Europa e América Latina também, quando tive passagens pelo “Belenenses” de Portugal e o “Cerro Porteño” do Paraguai. Penso que a preparação física já a algum tempo tomou outro rumo. Na verdade precisamos preparar atletas, isso quer dizer, fisicamente, tecnicamente, taticamente, psicologicamente, socialmente, nutricionalmente, farmacologicamente, etc... Hoje não penso mais em “preparação física” e acho que quem se limitar a isso estará ficando para trás dentro do contexto do esporte moderno. Devemos pensar o ser humano como um todo e no caso do esporte, qualificá-lo através dos meios citados para a excelência competitiva.

CB: Você partilha da opinião de que é preciso uma renovação no calendário brasileiro?
MFC: Pensando de acordo com a fisiologia humana, creio que sim. Deveria haver uma pequena adequação no número de jogos das competições atuais. Talvez uma regionalização ou uma divisão em grupos. Poderíamos imitar a Europa nesse sentido, pois lá se consegue um tempo um pouco maior no período inicial e isso, se bem conduzido, gera uma melhor qualificação dos atletas. Mas se pensarmos através da óptica mercadológica, aspectos da publicidade e marketing, acho que as coisas estão melhores conduzidas do que no passado. Hoje o futebol gera um lucro muito maior que no passado, e isso é repassado a clubes, federações e acaba refletindo positivamente nos salários de profissionais do futebol  

CB: Quando se deve poupar um jogador?
MFC: Isso é um dos temas bastante abordado nos dias atuais e de suma importância para a continuidade de todos os atletas em alto desempenho e com risco mínimo de lesões durante uma temporada. Atualmente muitos clubes possuem laboratórios portáteis, onde facilmente, através da medição de algumas enzimas, o departamento de fisiologia pode focalizar o nível de desgaste ou falta de recuperação de cada atleta. Esse avanço foi positivo, pois anteriormente a subjetividade era a única maneira de interromper ou diminuir as cargas de trabalho ou mesmo o afastamento de certo jogador de alguma atividade competitiva por determinado tempo. 

CB: O gramado é uma das causas das lesões de jogadores. Existe algum tipo de preparação especial na hipótese de jogo em um gramado ruim?
MFC: Claro que gramados ruins dificultam o trabalho, principalmente quando temos jogadores com qualificação técnica elevada. Hoje a maioria dos gramados já apresenta uma qualidade boa, mas quando sabemos previamente que o gramado do adversário faz a diferença negativa em qualidade ou mesmo tamanho, podemos sim simular alguma dessas questões durante a semana de treinamento.

CB: Você se espelha em algum preparador físico?
MFC: Não, em ninguém. Trago para o meu trabalho muitos detalhes de outras áreas acadêmicas, como por exemplo: administração, psicologia, sociologia e os fundamentos que o curso e as pós-graduações nas áreas da educação física me proporcionaram (metodologia do ensino, fisiologia do exercício, pedagogia, didática, etc.). Leio muito, questiono muito e busco a troca constante de ideias com pessoas que possam acrescentar dentro do meu conhecimento. Procuro não perder tempo comentando coisas do futebol que não agregam qualidade ao meu conhecimento. E tem mais, não envolvo religião com esporte e não confio em sorte ou azar.



CB: Você já trabalhou com muitos jogadores conhecidos. Há algum que gostaria de citar como exemplo de profissional?  
MFC: Os grandes jogadores com os quais trabalhei eu nunca esqueci e provavelmente nem eles se esquecerão de mim. Jogadores modernos chegam ao topo em suas carreiras pelo profissionalismo que exercem. Os nomes que não lembro, deve ser porque talvez não tenham sido profissionais o bastante para se fazer lembrados. 

CB: Atualmente você é preparador físico do América Mineiro. Pode nos contar um pouco da estrutura do clube?
MFC: Estou há pouco tempo aqui em Belo Horizonte e começando a me inteirar da realidade do América. Esse tipo de assunto acredito que seria muito difícil comentar ainda, pois eu poderia fazer alguma injustiça com algo que ainda não conheço dentro do clube.

CB: Qual foi o clube que te deu mais prazer em trabalhar até hoje?
MFC: Todos os clubes sempre nos trazem itens positivos, uns mais e outros menos. Como em toda a relação de trabalho, penso que deve existir satisfação e valorização das duas partes. Cumpri grandes objetivos em vários clubes, meu trabalho foi elevado na mídia e pelos torcedores através da instituição. Obtive acessos a divisões em alguns clubes em outros consegui títulos e sempre cito que o mérito pertence a todos os que participaram do contexto: comissão técnica, dirigentes, pessoal de apoio e jogadores. A estrutura de trabalho e a organização em todos os setores continua  sendo um dos fatores fundamentais para que tudo dê certo. Sem esse item, somente se eu acreditasse em milagres.
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Márcio tem um site próprio onde há informações sobre tudo que envolve a preparação física e o futebol. Você pode conferir clicando no link http://marciofariacorrea.com

Perdeu Danilo, perdeu o jogo


Fez diferença o estádio La Bombonera na noite desta quarta-feira. O Corinthians, sólido até o minuto 15 do 2° tempo, se perdeu a partir dele. O gol de Blandi deixou alguns jogadores do timão nervosos e irreconhecíveis. Poucos, após o tento, buscaram o jogo. Emerson Sheik e Guerrero foram talvez os únicos que se salvaram diante da pressão imposta pelo Boca.

Paulo André foi um deles. Mais uma vez o camisa 13 demonstrou que não é 100% confiável e falhou no gol argentino. O sólido Gil foi outro que sentiu os efeitos do estádio e mostrou um nervosismo acima do normal. Jorge Henrique e Douglas, que entraram durante a partida, se esconderam. Por fim, alguns nomes tiveram um rendimento abaixo do esperado, como Cássio, Ralf e até Fábio Santos. Vale ressaltar a pífia atuação do árbitro Enrique Osses, que não soube manter o controle do jogo e não teve um padrão de rigorosidade.

Mas uma ausência foi primordial para a vitória do Boca Juniors. Danilo saiu machucado logo aos 5 minutos da 2ª etapa e deu lugar a Jorge Henrique. Aí o Corinthians perdeu o jogo. O armador é a estabilidade do alvinegro, e sem ele, o timão perdeu a armação de jogo, as jogadas aéreas e a posse de bola. Coincidência ou não, depois da saída de Danilo, o Boca se encontrou e passou a ser superior até os 90 minutos. Por um capricho, no entanto, Guerrero não empatou. O camisa 9, que apesar de pouco acionado conseguiu ser efetivo, recebeu na entrada da área e tirou do goleiro. A bola bateu na trave e sobrou para Paulinho, que isolou.

O Corinthians se deixou levar pela pressão de um estádio histórico, que muitas vezes ajuda na vitória do Boca. A Bombonera foi, é, e sempre será um adversário a mais para quem a visita. Hoje, a vítima foi o Corinthians, que no ano passado foi diferente e não sentiu os efeitos da arena.

Reverter é possível. Com ou sem Danilo. O time brasileiro tem mais bola, e no Pacaembu, onde tem a fiel ao seu lado, é outra história. Mas, fica a lição: o Boca é o Boca, em boa ou má fase.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Vira-se uma página no livro do futebol


2009-2013. Foi o período vigente da Era Barcelona, que se destacava pela posse de bola e por passes milimétricos. Com um estilo de jogo próprio, esta era, com parcial ajuda do Real Madrid, venceu a Copa do Mundo de 2010. Fez história. E não faz mais.

No dia 1° de maio, dia do trabalho, virou-se uma página. O protagonismo espanhol passa a ficar na lembrança de quem teve a oportunidade de ver e terá orgulho de falar que viu aquele futebol. Aquele, dos passes, da posse, da paciência. Do bom futebol.

A nova página do livro, entretanto, não se resume pelo mau futebol. Ao contrário. O Borussia, e principalmente o Bayern, foram quase perfeitos. Os amarelos, apesar do susto na 2ª partida, merecem estar na final. Os vermelhos foram espetaculares e enterraram o Barcelona de Tito Vilanova com duas goleadas. Junta-se as cores dos finalistas o preto, representando o luto do futebol espanhol como tendência. Forma-se a bandeira alemã, a nova protagonista do esporte mais famoso do mundo.

Marcação pressão, jogadas rápidas, força, objetividade e um organizado 4-2-3-1. São estas as novas características do futebol "moderno". O Bayern e o Borussia, agora finalistas da Champions League, começam a ditar a moda a partir de hoje. Gotze, Muller, Hummels, Gundogan, Kroos e Reus se tornam integrantes da nova geração alemã. Schweinsteiger, Neuer, Mario Gomez e Lahm são os responsáveis pela experiência de uma seleção qualificada e favorita para a Copa de 2014 no Brasil.

A final é alemã. Pela primeira vez. E a Inglaterra que se prepare. Bayern de Munique e Borussia Dortmund pintarão o Wembley. Qual será a cor predominante?

terça-feira, 30 de abril de 2013

O time que não toma pressão


Que o Corinthians é um dos melhores times do país não se questiona. Todos sabem que o timão tem tudo que um clube precisa para ser campeão do mundo. Mas um item vem se destacando no meio de tantas qualidades no elenco alvinegro.

O Corinthians dificilmente toma pressão. E quando toma, recebe poucos chutes a seu gol com perigo. O jogo de domingo, contra a Ponte, foi a prova do bom trabalho realizado por Tite. Tomando uma 'falsa pressão', o bicampeão do mundo se recuperou e fez quatro no clube de Campinas, que só havia perdido 1 jogo em toda campanha no Paulistão.

Até o primeiro gol da partida, o alvinegro teve muita dificuldade. Não conseguia impor seu ritmo de jogo e ficava pouco com a bola, massacrado por uma forte marcação e vontade da equipe de Guto Ferreira. Porém, tomou apenas um susto, em uma ótima defesa de Danilo Fernandes após finalização de William. Pouco para a intensidade que impôs a Ponte no começo do jogo.

O fato de não se desesperar e saber que de certa forma pode tomar pressão em alguns momentos da partida é interessante. O Corinthians sabe controlar a pressão do adversário, e faz dela um trunfo para sair para o jogo quando se sentir a vontade.

O mérito é de todos. De Tite ao atacante Guerrero, que veio até o círculo central roubar a bola da macaca e finalizar no goleiro Edson Bastos, dando origem ao gol que contabilizou o primeiro corinthiano. A linha defensiva com os zagueiros e os laterais é entrosada e muito segura. Ralf passa tranquilidade à essa linha, marcando os meias adversários e interceptando passes longos. Paulinho, apesar de estar atacando menos esse ano, reforça a marcação. Os pontas Emerson e Romarinho ajudam os laterais, e até Danilo, polivalente, faz a função de marcar.

Com Tite, todos marcam. E quase todos atacam. O 4-2-3-1 do técnico do timão é eficiente, e seus comandandos sabem exatamente o que e quando devem fazer. A compactação da até aqui equipe menos vazada da Libertadores talvez é o segredo do sucesso, e apesar de fácil entendimento, é complicadíssimo ser aplicada em pouco tempo.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

CB Entrevista - Jota Júnior

Um cara que tem história pra contar. Este é o 4° entrevistado do blog, que com muita atenção nos atendeu e cedeu parte de seu tempo para responder as questões. JOSÉ FRANCISCHANGELIS JÚNIOR nasceu na cidade de Americana em 1948 e é um dos ícones do jornalismo esportivo. Educado, competente e mestre na narração do futebol, Jota Júnior, como é conhecido, tem mais de 40 anos de profissão e hoje trabalha nos canais SporTV.


CB: Você sempre quis ser narrador esportivo?
JJ: Desde pequeno me interessei por rádio e pelas narrações de futebol. E como sempre gostei de jogar futebol, acho que houve um casamento de gostos e interesses. Quis também em determinado momento ser jogador profissional de futebol, depois queria ser professor, mas na realidade era o rádio esportivo a minha meta principal.

CB: Qual o motivo do apelido "Jota Júnior"?
JJ: Quando comecei em rádio na minha cidade, Americana, interior paulista, um amigo(Clóvis Magalhães) sugeriu que eu usasse JOTA JÚNIOR, pois meu nome, segundo ele, não era radiofônico: José Francischangelis Júnior. Ele pegou o JOTA de José e o JÚNIOR, meu mesmo.  Aceitei na hora.

CB: Você se espelha em algum narrador?
JJ: Quando comecei em rádio eu ouvia muitos narradores: Darcy Reis, Pedro Luís, Fiori Gigliotte, Fernando Solera, Haroldo Fernandes, Jorge Cury e tantos outros. Creio que peguei um pouco de todos. Mas na verdade buscava o "meu estilo" e que só veio com o tempo, quando fiquei mais à vontade aos microfones e com segurança para impor meu modelo de transmissão.

CB: Há algum jogo que você considera especial e inesquecível onde tenha narrado?
JJ: Como estou há muito tempo na estrada, é difícil apontar apenas uma transmissão, um jogo, um estádio. Foram muitas as situações emocionantes ao longo da carreira. Mas eu destacaria a cerimônia de abertura dos Jogos Olimpicos de Los Angeles, 1984, minha primeira Olimpíada e que transmiti pela TV Bandeirantes ao lado de Luciano do Valle e Osmar de Oliveira no Coliseu de LA.

                                                   Los Angeles Memorial Coliseum

CB: O que um narrador precisa ter em mãos na hora de uma transmissão?
JJ: Todo o material relativo ao evento. Pesquisas, informações, o esquema da jornada, mas principalmente uma programação mental ( um roteiro ) para desenvolver o trabalho. É importante estar familiarizado com a equipe e muito bem informado sobre o evento que irá transmitir. É necessário pensar muito em quem está assistindo, abastecendo-o de informações e sempre priorizando A IMAGEM, que é o mais importante em televisão.  O narrador é simplesmente um GUIA das imagens, um ilustrador do que o diretor está mostrando.

CB: Quais os principais eventos esportivos que você cobriu?
JJ: Já fiz tanta coisa. Copas do Mundo, Libertadores, Jogos Olimpicos, Jogos Pan-Americanos, Sul-Americanos, Copa América, Eliminatórias, Final de campeonato português, amistosos da Seleção fora do País, Liga Mundial de vôlei, e por aí vai. Mais de 40 anos de profissão oferecem uma vasta lista de eventos em várias modalidades.

CB: Falando de futebol... qual o melhor time do Brasil hoje?
JJ: Sendo o atual campeão mundial, aponto o Corinthians como o mais equilibrado e o grande vencedor.

CB: Acredita que o Brasil não é mais o 'país do futebol'?
JJ: O Brasil continua sendo um dos maiores no futebol. Ninguém ganhou mais Copas do que a gente. Ninguém exporta jogadores mais que o nosso País.  "Fabricamos" atletas e craques aos montes.  Continuamos sendo o alvo principal dos clubes estrangeiros e dos grandes empresários do planeta.  E temos o atual campeão mundial de clubes.

CB: O que acontece com a seleção brasileira?
JJ: Nossa seleção quando começou a priorizar convocações de jogadores que atuam fora do País, esfriou a grande torcida brasileira. Distanciou a seleção do torcedor. E desprezou os jogadores que aqui atuam, tão bons quanto os de fora. À par disso, nossos treinadores pararam no tempo e não se atualizaram com o futebol praticado lá fora.  Mas mesmo assim vejo o Brasil como um forte candidato a titulos internacionais.

CB: Neymar deve ir para a Europa antes da Copa?
JJ: Não irá antes da Copa.  E acho que devemos preservá-lo por aqui.  Craques do nível dele precisam estar jogando em nosso território. São atrações imperdíveis. Mas é claro que chegará uma hora em que ele irá para a Europa.  Enquanto pudermos mantê-lo aqui acho muito bom.

CB: Sobre a Copa de 2014 novamente... o que esperar do Brasil como sede e como equipe?
JJ: Para a Copa de 2014 o País deverá ficar devendo na estrutura de locomoção e acomodação. Está tudo atrasado e não dará tempo de deixar tudo pronto. Os estádios, tudo bem, sem problema. Mas o restante preocupa.  Quanto ao time brasileiro, será um forte concorrente, como sempre foi.  Ainda mais atuando em casa.

CB: Para finalizar, ser narrador é...
JJ: Ser narrador é praticar a profissão como qualquer outra. É dedicar-se integralmente ao desempenho em cada transmissão. É tratar o trabalho com seriedade, respeito ao telespectador, respeito aos profissionais da bola, ser apenas um guia, um ilustrador das imagens. É um trabalho dificil pois mexe com a paixão dos torcedores, porém extremamente  gratificante.

CB: Valeu Jota, parabéns pelo seu trabalho!
JJ: Espero ter contribuido, amigo. Abraço e sucesso pra você.